Tempos Remotos

Akita Hachiko Monogatari

ESTÁTUA DE HACHIKO - O AKITA MAIS CONHECIDO NO MUNDO

TA bibliografia existente hoje no Japão da conta de que a região do surgimento da raça Akita é a região de Odate. 

Odate tinha a grande fama de ser um “Centro Canino” no Distrito de Tohoku. Por volta dos anos 1800 (no final do período Togukawa), cães domesticados, os quais tiveram aumento considerável de população devido as condições socioeconômicas favoráveis, estavam tornando-se gradativamente em cães de rinha. Após a restauração Meiji em 1868, rinhas de cães foram estabelecidas como evento público e um grande número destes cães estavam no “Centro Canino” de Odate. 

Houvera inúmeros nomes usados na descrição da raça. Eles eram conhecidos como “Odate-Inú” e “Kazuno-Inú” em suas respectivas áreas do norte da Província de Akita. Eles eram também conhecidos como “Nambu-Inú” provindo o nome do distrito como este era conhecido no período “Han”. Coletivamente eles também foram conhecidos como o “Cão Regional”.

Destes cães regionais, os que estavam em cidades e eram usados em rinhas eram conhecidos como “Kuwae-Inú” ou “Kuriya-Inú” no dialeto local enquanto outros que eram usados para caça no interior e montanhas eram conhecidos como Matagi-Inú. Alguns nomes, incluindo Akita, provinham das localidades de onde os cães eram encontrados, enquanto outros como “Kuwae-Inú” e “Matagi-Inú” eram nomes usados de acordo com a função do cão. 

Os próprios cães eram mais ou menos parecidos. Eles eram todos cães japoneses, sendo raças nestas áreas desde os tempos remotos. Estes foram os ancestrais do Akita atual.

Muitos estudos e publicações a respeito da história e origem do Akita foram realizados anteriormente. Dr.Toru Uchida, em sua publicação “o Livro dos Cães”, conclui que: “O Akita é morfologicamente diferente de outros cães incluindo cães nativos japoneses, cães Sagalianos, Laikas e Samoiedas. Uma única verdade a respeito deste cão é o de ser a única raça provinda antes da história documentada, até certo ponto um produto de subsequentes melhoramentos realizados pelo homem”.

Em “Sociedade Científica” vol.22, o Dr. Shozaburo Watase escreve: “Cães japoneses podem ser categorizados nas três seguintes variedades, as quais são: os do extremo Norte, do Meio-Norte e os do Sul. Destas, a variedade do extremo Norte, a qual chegou com humanos, tem pelagem densa, muita estrutura, e um rabo de pelagem densa enrolado sobre o dorso… A representação desta variedade do extremo Norte é o Akita” .

O senhor Hirokichi Saito, um dos fundadores do NIPPO e também conhecido como um notável pesquisador dos cães japoneses, escreveu em seu livro “Cães japoneses e Lobos”: “O Akita descendeu de um cão japonês de tamanho médio cruzado com um cão da variedade do Norte e também um cão de tamanho grande provindo da China.

A mesma variedade inclui: o extinto Nambu-Inú de Rikuchu (atualmente Prefeitura de Iwate), o Kouyasu-Inú de Uzen (atualmente Prefeitura de Yamagata), Liyama-Inú de Shinshu (atualmente Prefeitura de Nagano) e o Gou (um cão de porte grande provindo da China) na área de Dazaifu em Kyushu”.

O senhor Taiji Kimura, um bem conhecido residente de Odate, expressa uma opinião similar. Em uma matéria do jornal da AKIHO ele escreve: “Cães como o Gou foram trazidos de Bokkai (um país que primeiramente ocupava o Norte da Coréia e o Leste da China) para cruzar com cães nativos japoneses assim produzindo o ancestral do Akita”.

Estes livros sozinhos não são suficientes para descrever a história do Akita. Em complementação, não há documentos ou contos populares sobre esta raça de cão antes do período Tokugawa. Em contraste, descrições de outros cães japoneses podem ser traçadas antes do período Nara (em torno de 710 DC). A primeira referência é encontrada em “Keikou Tennou-Ki (o 12° trono imperial)”; seguida pelo “Kojiki”, “Sushun Tennou-Ki” e outros manuscritos com artigos sobre cães.

Há também registros sobre cães trazidos para o Japão como tributos, como também de outros animais e novidades vindas de Kudara (um país localizado onde o que é hoje a Coréia), Bokkai e outros países. Estes registros podem ser encontrados em “Yououki”, “Nihonshoki”, “Shokunihongi”, “Ruijuukokushi” e outras fontes.

Nos períodos Heian e Kamakura, cães eram mencionados em “Makuranosoushi”, “O Conto de Genji”, “Uji Shuui Monogatari”, “Konjaku Monogatari”, “Tsurezuregusa”, “Taiheiki”, etc. As primeiras ilustrações retratando cães são vistas no início do período Kamakura (depois de 1192 DC). Muitas figuras como “Oujou Youshuu E” e “Gaki Soushi”, Ilustrações da doutrina budista chamadas “Rikudou E (figura de seis rodas)” ou “Jikkai Zu (figura de dez mundos)”, retornam a estes dias.

Na maioria dos casos, os cães são coadjuvantes no tema geral da ilustração. Muitos dos cães ilustrados são da cor malhada. Dois pergaminhos, “Kouboudaishi Gyoujou Emaki” e “Yadajizou Engi Emaki”, diferente do restante desde que eles contem figuras de cães como tema, com montanhas e campos ao fundo. Os cães caçadores são de cores sólidas, à frente de Caçadores e Samurais, os quais estão equipados com arcos e flechas.

Mais pinturas de cães aparecem na literatura do fim do período medieval. Um bom exemplo disto é o Takatoki Hojo, Sagami Nyudo (Shikken: O mais alto assistente do Shogun, o qual coordenava todos os seus negócios.), do final do período Kamakura, o qual é entitulado “Sagami Nyudo Dengaku Narabini Touken wo Moteasobukoto (Brincando com um Cão de Rinha)”.

Isto é encontrado em “Taiheiki” Vol.5, “Hata Rokurouzaemon ga Koto” em “Taiheiki” Vol.22, conto de Rokurouzaemon, o qual com seu cão favorito, um “Inú-Jishi (cão leão)” e seus soldados, atacaram e protegeram o Castelo em Kozuke (atualmente prefeitura de Gunma). Durante o período Nanbokucho, cães eram usados com propósitos militares. 

Todos estes relatos sobre cães japoneses proveem da época transitória entre a ancestral e a medieval.

Cães são mencionados por terem sido o primeiro animal à ser domesticado. Há muito tempo atrás, quando a caça era um meio primário de vida, cães eram excelentes ferramentas para este fim como também boas companhias que permaneciam juntas ao povo onde quer que estejam.

Relatos e artefatos encontrados em Akita, distrito de Tohoku, nos mostram que a caça e o convívio em grupo continuavam a ser o estilo de vida da área entre os períodos de Jomon e Yayoi. O cultivo de arroz iniciou por volta do terceiro século D.C., mas a produtividade era baixa, devido as condições climáticas e regionais da região. Isto causava a dependência na caça e pesca como maneira de obter alimento.

Entretanto, mesmo após o estilo de vida agrícola tornar-se mais dominante ao redor de Odate, a caça permanecia como parte integral da vida nativa na época moderna. Algumas pessoas permaneciam vivendo através da caça e habitavam vilas de caçadores chamadas “Vilas Matagi”. 

Na Akita, os seguintes locais foram identificados como “Vilas Matagi”: Nekko, Utsutou, Hinaiuchi, Kouya e Tsuyukuma em Ani-Machi; Haginari e Yagisawa em Kamikoani-mura; Obonai, Sashimaki, Tazawa e Tamagawa em Tazawako -machi; Nakagawa, Shiraiwa e Hirokunai em Kakunodate-cho; Toyooka em Nakasen-cho; e Yuda em Rokugo-cho.e Dairakumae em Touwa-cho, estado de Kazuno; Kanazawa em Fujisato-mura, estado de Yamamoto; Iwamisannai em Kawabe-cho, estado de Kawabe; e outros. 

Entre as montanhas Ou na prefeitura de Iwate e na prefeitura de Yamagata, vilas Matagi com os mesmos métodos de caça, maneiras e costumes existiram. 

Matagi-inús (Cães japoneses usados para caça) foram criados nestas áreas muito antes dos dias atuais. Nenhuma literatura ou tradição oral descreve outros tipos de cães regionais como os Odate-inús ou Nambu-inús. Nós somente podemos especular sobre as condições sociais e o envolvimento local na área de Odate nesta época. 

De acordo com o “Fudoki(Descrição das condições naturais da área tais como clima, topografia e geologia.)” e outras fontes, o distrito de Tohoku era dividido pelas montanhas de Ou, no lado Pacífico e no lado do Mar do Japão. A área de Odate foi separada do resto do distrito pelas montanhas do leste e pelo clima do sul. Acesso ao sul durante a parte mais fria do inverno não era possível mesmo por terra ou pelo mar, isto limitava o desenvolvimento desta região.

Condições sociais no distrito de Tohoku nesta época também eram interessantes. Clãs poderosos emergiram e batalharam uns contra os outros constantemente. Por volta do ano 500 D.C., a côrte imperial de Yamato foi estabelecida. Isto o tornou um estado independente por volta do século 7 D.C. Iniciou sua expansão em direção à Tohoku onde repedidas vezes promoveram a conquista do Emishi(Residentes ancestrais no norte de Kanto, Tohoku e Hokkaido, os quais rebelou-se contra e desobedeceram as leis da Corte Imperial.).

Imediatamente seguiu-se a Reforma da era Taika em 645 D.C., o estado Mutsu foi estabelecido no distrito de Tohoku. Após esta época, este distrito não havia sido considerado como uma área governada pelas leis reais da Côrte Imperial de Yamato. Meio século depois, o estado de Dewa foi estabelecido, no qual atualmente situam-se as prefeituras de Akita e Yamagata.

Logo após a criação do estado, rapidamente houve grande migração, pessoas provindas dos distritos atuais de Kanto e Chubu, iniciaram o desenvolvimento da região. A imigração e desenvolvimento resultaram em conflitos com os patriarcas e poderosos clãs da região, tanto quanto a ansiedade que os cercava. 

Desde que eles começaram à ter sentimentos negativos em relação ao desenvolvimento da região, frequentemente revoltavam-se pelo fato das mudanças causadas em uma localidade atrasada. Muitas batalhas aconteceram entre a Corte Imperial e os proprietários locais da terra. Nada é conhecido à respeito do desenvolvimento e tipo estrutural dos cães criados na região durante as condições sociais e econômicas mencionadas anteriormente.

Entretanto algumas características de tipo devem ter sido alteradas. Em seu livro, o anteriormente mencionado Senhor Hirokichi Saito escreveu: “A altura dos corpos de mais de 300 esqueletos encontrados em várias localidades do Japão mediam entre 37 à 50cm. 

Após esta fase, esqueletos encontrados em dois locais do distrito de Tohoku mediam em torno de 57cm”. 

No período Azuchi Momoyama (1573-1602), vendedores e mercadores Portugueses e Espanhóis visitaram o Japão trazendo consigo seus cães estrangeiros. Alguns estão retratados em gravuras vistas em museus e outras localidades.

Hachiko  –  Wikipedia